As bombas de calor aceleram a descarbonização do aquecimento urbano

Existe uma solução melhor?

KH: Sim, existe: tecnologia de bomba de calor. Com uma bomba de calor, podemos aumentar a temperatura do ar vindo de fora para tornar as casas muito confortáveis sem usar gás.

A IEA confirma que está ocorrendo uma mudança, mas as coisas estão se movendo muito lentamente.

KH: É verdade. Tecnologias de aquecimento eficientes e com uso de carbono estão em ascensão. No entanto, embora as bombas de calor e outras opções de aquecimento limpo estejam prontamente disponíveis e tenham se mostrado eficazes, são necessárias taxas de implantação significativamente mais rápidas para que o cenário de emissões net-zero até 2050 seja alcançado.* Segundo a IEA, as redes de aquecimento distrital são uma etapa-chave para alcançar aquecimento e resfriamento com zero emissões de carbono. Em seu Roteiro para o Setor Energético Global, a IEA projeta 350 milhões de conexões urbanas até 2030.

*Conforme o Acordo de Paris

Em breve, estaremos em 2030. Você diria que precisamos de uma revolução, e não de uma evolução, para descarbonizar o aquecimento nas cidades?

KH: Sim, e, de fato, é exatamente isso que podemos conseguir com o aquecimento urbano baseado na tecnologia de bomba de calor. Veja bem, se você aplicar o conceito a várias casas, será um avanço significativo. Mas se você fizer isso em escala industrial - para bairros e comunidades inteiras - terá o tão necessário divisor de águas.

Como isso funciona exatamente?

KH: Um sistema de aquecimento urbano moderno e eficiente usa bombas de calor à base de amônia. Com um pequeno input de eletricidade idealmente renovável, essa solução pode gerar calor a partir de várias fontes, como calor residual industrial (como data centers), água de esgoto, fonte subterrânea, redes de metrô ou ar. O calor pode ser então aumentado para temperaturas de até 95 °C (203 °F) para fornecer aquecimento ou água quente (ou ambos) diretamente à vizinhança.

Ele pode ser aplicado em todos os lugares?

KH: O sistema funciona melhor em áreas com alta densidade populacional. Faz mais sentido do ponto de vista econômico instalá-lo quando uma área é desenvolvida pela primeira vez ou durante grandes projetos de infraestrutura, embora isso não seja um pré-requisito. Em Malmö, no sul da Suécia, por exemplo, há quatro bombas de calor da GEA de 10 MW (34,121 MBH) instaladas ao lado de uma estação de tratamento de esgoto e um incinerador de resíduos perto do porto. Elas agora fornecem 8% do uso total de energia de aproximadamente 100.000 residências, economizando cerca de 50.000 toneladas de CO2 por ano. E em Tallinn, na Estônia, quatro bombas de calor da GEA - incluindo três compressores de parafuso Grasso LT da GEA (modelo XB) e o inovador compressor de parafuso Grasso L XHP de 70 bar (o primeiro a ser colocado em serviço) - reutilizam eficientemente o calor residual das estações de CHP de biomassa. Elas reduzem a necessidade de combustíveis fósseis durante os períodos de pico de demanda, diminuem as emissões de carbono e fornecem calor estável e econômico para aproximadamente 8.000 residências e empresas. Estes são apenas alguns exemplos do trabalho incansável que os engenheiros da GEA fazem, todos os dias, em todo o mundo, para transferir os benefícios das bombas de calor movidas a amônia da GEA para os sistemas de aquecimento urbano.

As bombas de calor dependem de eletricidade. Isso não aumentará significativamente a demanda de eletricidade?

KH: De forma alguma. As bombas de calor geram até cinco vezes mais energia térmica por kWh de uso de energia primária (eletricidade) em comparação com a queima de gás ou caldeiras elétricas diretas. Desse modo, o uso total de eletricidade pode ser mantido dentro de limites aceitáveis. E como a eletricidade é cada vez mais gerada a partir de fontes renováveis, uma bomba de calor instalada hoje terá uma pegada de carbono menor a cada ano até que a eletricidade seja oriunda 100% de fontes renováveis. Ao combinar eficiência energética com menos queima de gás, a descarbonização da sociedade se torna possível.

E quanto às emissões?

KH: O aquecimento é responsável por mais da metade do consumo global de energia, portanto, sem dúvida, desempenha um papel enorme nas emissões de carbono. Nunca é demais enfatizar a importância de uma abordagem orientada por sistemas para aumentar drasticamente a energia renovável e utilizar o calor que, de outra forma, seria desperdiçado. Igualmente imperativo é eliminar gradualmente o carvão e outros combustíveis fósseis ao inovar para o futuro. O uso de bombas de calor no aquecimento urbano não apenas ajuda o meio-ambiente global, mas também tem efeitos locais. Ao contrário das caldeiras a gás, as bombas de calor não emitem óxidos de nitrogênio (NOx). Elas, portanto, permitem um ar mais limpo nas cidades e outras áreas urbanas – e também oferecem vantagens financeiras. Além disso, o uso de amônia é um avanço fundamental no desenvolvimento da tecnologia de aquecimento urbano. Muitos sistemas mais antigos ainda usam gases fluorados (F-) para refrigeração, que estão sendo eliminados por toda a Europa. Ao contrário dos gases fluorados, a amônia é amiga do ambiente, amplamente disponível, barata e não tem impacto no aquecimento global.

Qual é o papel da GEA no combate às emissões de carbono?

KH: Acredito que temos um papel importante a desempenhar. Nos últimos anos, a GEA tem estado na vanguarda do desenvolvimento dessa tecnologia. Depois de investigar e aperfeiçoar a metodologia, nossos engenheiros aplicaram a tecnologia de forma a fazer uma diferença real em termos de atender melhor às comunidades locais e reduzir drasticamente a quantidade de CO2 gerada pelos utilitários. A GEA está constantemente inovando para expandir seu portfólio de bombas de calor e ficar à dianteira no que se refere ao aquecimento urbano. Veja bem, as bombas de calor não são novidade, mas com o rápido aumento do uso de energia renovável, elas se tornaram mais importantes na batalha contra as emissões de carbono. Combine este método altamente eficiente de conversão de calor com iniciativas para desenvolver sistemas de aquecimento urbano para residências domésticas e edifícios públicos e você terá uma revolução em potencial. Acrescente a isso o uso crescente de refrigerantes naturais, como amônia, e toda a tecnologia está disponível para uma solução de aquecimento comunitário genuinamente “verde”.